Recém-aposentado, Manoel Goulart participa de entrevista e conta um pouco da passagem pelo MPT
A Assessoria de Comunicação (Ascom) do MPT em Pernambuco foi até a residência dele, onde, receptivo e cheio de bom humor, nos contou um pouco das inúmeras histórias da sua atuação como procurador.
Recebedor de homenagens e votos de aplausos, o subprocurador-Geral do Trabalho aposentado Manoel de Orlando de Melo Goulart é uma figura querida dentro e fora do Ministério Público. Formado pela Faculdade de Direito de Olinda, iniciou a vida profissional em 1979. Tornou-se procurador do Trabalho, sendo promovido procurador Regional, em 1993. Também foi chefe das procuradorias de Pernambuco e do Rio Grande do Norte. Desde 2013, passou a atuar como subprocurador e corregedor-Geral. Aposentado das funções no órgão desde junho, está com novos planos. Confira a entrevista na íntegra.
Quando o senhor iniciou no MPT? Como foi esse processo de entrada?
Era 15 de maio de 1985. Meu pai, sempre quis ser procurador do Ministério Público do Trabalho. Só que naquela época não tinha concurso, era indicação política e ele não tinha amizade. Tentou duas vezes e não conseguiu. Na época, chegou a me falar isso e eu fiquei com isso na cabeça, na época que teve um concurso, eu fiz e passei, na sorte.
Na sorte?
Não, foi sorte, porque – eu digo até assim brincando – a prova caiu o que eu sabia. Eu não estudei para passar. Por isso que eu digo que foi sorte. Para dar um exemplo, eu tinha entrado com uma ação na justiça e caiu exatamente a questão sobre a ação que tinha entrado. Por isso que digo que foi uma sorte.
Tinha algum tipo de predileção pelo MPT?
Não, não. Minha intenção mesmo era ajudar as pessoas. Eu achei que no Ministério Público eu poderia ajudar muito mais do que só como advogado. Você numa tacada, podia ajudar várias pessoas de uma vez. Qualquer ação, qualquer atitude que a gente tomasse e levasse a resolver um problema. Como aconteceu na minha vida várias vezes.
Como foi a carreira no MPT?
Minha carreira foi até rápida. Eu comecei como procurador do Trabalho, fui promovido procurador Regional. Depois surgiram várias chances de ir pra Brasília, para ser subprocurador e eu recusei.
Recusou por quê?
Recusei porque eu estava bem aqui. Não tinha vaidade de ser subprocurador e várias vezes o pessoal ligava, querendo que eu fosse para disputar vaga de merecimento. “Rapaz, não, quero não. Porque não vou sair pedindo a ninguém que vote em mim por merecimento. Quando for promovido é por antiguidade”. E eu fui promovido por esta.
O senhor também foi corregedor-Geral. De todas essas etapas, qual mais gostou?
Todas elas. O corregedor é uma figura interessante. Quando você chega nas procuradorias, o pessoal fica com medo. Eu tive logo um primeiro atrito com o antigo corregedor, porque ele era muito duro. O texto dele era muito forte. Quando eu cheguei lá, acabei com isso. As reuniões minhas eram diálogo, conversa. Eu fazia um círculo com todos os procuradores, para que todo mundo visse a cara do outro. Trocar ideias. Acho que o corregedor tem que ser um cara que troque ideias, procure o melhor.
Desde o tempo de procurador, deve ter visto/vivenciado muitas histórias curiosas. Tem alguma boa para contar?
Uma vez, era o dia do amigo. Estava em uma mediação e a coisa estava pegando fogo.... Aí eu disse: “Para aí! Hoje é o dia do amigo”. “Dia do amigo?”, eles disseram. “É. Então vamos dar um abraço em cada um. Cada um vai se abraçar!”. Abraçamos todo mundo, sentamos e fizemos o acordo. Logo em seguida, com cinco minutos, a gente fechou o acordo. Engraçado! Foi coincidência. Eles estavam bravos, mas resolveu.
Como Manoel Orlando de Melo Goulart se definiria?
Eu não sei nem me definir. Eu sei que sou um “cabra” simples, que não tem muita ambição na vida. Quero ajudar as pessoas ainda.
Como vem tentando auxiliar as pessoas atualmente?
Hoje faço parte de um grupo chamado Amor exigente, que a gente trabalha as famílias que tem filhos envolvidos na droga. Atendemos também alguns dependentes que vão lá.
É um suporte à família, a ajudar, a orientar porque eles chegam muito aflitos. Muita gente chega lá chorando e sai mais tranquilo.
Que recado deixa aos que ficam no MPT?
Seriedade, buscar o norte dentro da instituição e se sentir feliz por ser integrante do Ministério Público. Quando você está feliz, você produz muito mais.
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