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Inclusão de população trans no mercado de trabalho é oportunidade de diminuir preconceito e tirar comunidade da marginalidade

Com que trabalham pessoas transgênero? A pergunta levanta um questionamento importante, se observarmos que pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ pouco são vistas ocupando espaços no mercado de trabalho. Esse cenário é reflexo de um país preconceituoso, intolerante e violento com pessoas trans. Dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), dão conta que o Brasil é o país “campeão” em desrespeito e violência com pessoas trans pelo 14º ano seguido, com 131 trans e travestis assassinados, apenas em 2022.

No mundo do trabalho, o cenário não é diferente. Cerca de 20% das empresas que atuam no Brasil não contratam pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, em razão da sua identidade de gênero e orientação sexual, segundo o site de recrutamento Elancers. Além disso, cerca de 81% dos profissionais LGBTQI+ acreditam que ainda falta muito acolhimento para a comunidade por parte das empresas, de acordo com pesquisa encomendada pelo LinkedIn. O mesmo estudo relata que 35% dos profissionais entrevistado já sofreram discriminação no ambiente de trabalho.

“Reconhecer a diversidade de identidades de gênero e promover a inclusão no mercado de trabalho é o primeiro passo para garantir dignidade às pessoas trans. Infelizmente, essa população ainda vive à margem, também, no mundo do trabalho. É preciso fortalecer essas pessoas para terem, cada vez mais, acesso a conquistas básicas, como políticas públicas, educação e trabalho formal”, comenta o procurador regional do Trabalho e gerente Nacional de Empregabilidade LGBTQIAPN+ do Ministério Público do Trabalho (MPT), Eduardo Varandas.

Para além do debate acerca da inclusão, o procurador regional do Trabalho que a temática envolve diversos outros temas, desde a disparidade salarial, dificuldade de promoção e de ocupar cargos de chefia, além de assédio moral e sexual. “Vivemos em um mundo diverso e já passou da hora das organizações, sejam públicas ou privadas, investirem em um ambiente que reflita, verdadeiramente, nossa sociedade plural. Precisamos acabar com os preconceitos e dar oportunidade para todas as pessoas, especialmente as mais vulneráveis”, completou Eduardo Varandas.

DENÚNCIAS

Desde 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) criminaliza a homofobia e a transfobia como crimes de racismo. Por isso, casos de descriminação por questão de gênero no ambiente de trabalho podem ser denunciados ao MPT em Pernambuco. Casos podem ser registrados através do site do órgão ministerial, ou pelo aplicativo Pardal, disponível para sistemas Android e IOS. O denunciante pode optar pelo anonimato no momento do registro. O MPT, por meio da Coordigualdade, tem como meta prioritária impulsionar políticas públicas para a geração de empregos para as pessoas LGBTQIAPN+.

DIA NACIONAL DA VISIBILIDADE DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS

Este ano marca os 20 anos do Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais, lembrado todos os dias 29 de janeiro. A data remete a 29 de janeiro de 2004, quando um grupo de ativistas transgênero foi ao Congresso Nacional, para manifestar em favor da campanha “Travesti e Respeito”, encabeçada por diversas organizações de movimento social, em parceria com o Ministério da Saúde. à época, a campanha buscava intensificar suas ações de combate a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Desde então, a data ganha mais força, ampliando os debates que remetem às demandas da comunidade de Travestis e Transexuais no país.