Agrotóxico é tema de painel conduzido pelo MPT em congresso do MP sobre meio ambiente

Para falar sobre a realidade do uso de agrotóxicos no Brasil, o Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT) participou como mediador de painel do XV Congresso Brasileiro do Ministério Público do Meio Ambiente, que aconteceu entre os dias 15 e 17 desse mês, em Cuiabá. Com o tema “A Cidade e os Três Biomas”, o evento reuniu renomados juristas, defensores da causa ambiental e representantes da sociedade civil.

O procurador do Trabalho Leomar Daroncho, coordenador do Fórum Mato-grossense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, conduziu o painel sobre o assunto na companhia do procurador regional do Trabalho do MPT em Pernambuco, Pedro Luiz Gonçalves Serafim da Silva, do professor doutor Wanderley Pignati, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e do promotor de Justiça da Comarca de Campo Verde, Marcelo dos Santos Alves Corrêa.

Em sua fala inicial, Daroncho registrou que, sem que se ignore a relevância econômica do agronegócio para o Brasil e para o estado de Mato Grosso, é necessário ponderar os graves problemas decorrentes do assustador volume de agrotóxicos utilizados na agricultura. Citando dados concretos, salientou que já não se trata de um problema exclusivo do campo, pois as implicações da utilização do veneno são inúmeras e vão além das fronteiras agrícolas.

O procurador Pedro Serafim, coordenador do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, comentou sobre a relação entre agrotóxicos e plantas transgênicas e de como a própria atuação dos fóruns nacional e regionais têm se voltado para essa questão, uma vez que as observações científicas indicam que, diferente da proposta inicial de diminuir o uso do veneno, o emprego desses organismos está aumentando o consumo de agrotóxicos.

Wanderley Pignati, professor doutor na área de toxicologia, apresentou dados alarmantes de diversas pesquisas realizadas pela UFMT e pela Fundação Osvaldo Cruz, que demonstram o nível de contaminação residual da água e de diversos alimentos consumidos diariamente pela população, bem como os impactos à saúde da população rural e urbana.

Fechando a discussão, o promotor Marcelo Corrêa relatou sua experiência profissional na região de Campo Verde, especialmente as dificuldades encontradas para combater as práticas e a influência de grandes empresas ligadas ao agronegício nos rumos do município, que se destaca na produção de algodão, soja e milho.

De acordo com dados do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) de 2013, Mato Grosso é o campeão brasileiro na utilização de agrotóxicos para o plantio. Só no ano passado, 140 milhões de litros foram utilizados nas lavouras, principalmente herbicidas, inseticidas e fungicidas. A quantidade equivale a cerca de 43 litros de veneno por pessoa no estado.


Fonte: Ascom/Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (PRT23)

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